Contando histórias pra cidade: encontros de mem

Sou artista visual e, neste trabalho, distribuo pela cidade lambe-lambes com memórias de acontecimentos que vivenciei em cada lugar. Convido todos que queiram a enviar suas próprias memórias, para que elas também possam se tornar lambe-lambes colados pela cidade. Assim, essa paisagem se torna um lugar de encontro das nossas memórias.

Seu nome não será divulgado. Para participar, basta preencher o formulário abaixo. Você pode enviá-lo várias vezes, com quantas memórias quiser partilhar. É importante que o fato relatado tenha acontecido na cidade de São Paulo, em qualquer região, mas sempre em lugares públicos (ruas, praças, parques etc.).

Vou colar os lambe-lambes das histórias à medida que elas forem chegando e, me disponho a notificar, por e-mail, quando o seu relato for colado na rua.

Ao pôr em evidência as vivências no espaço público, busco desautomatizar a experiência do caminhante, reativando a consciência sobre o espaço compartilhado e as várias vidas que passam e acontecem por ele.

Exploro também a noção de monumento. Em alguma medida, essas intervenções monumentalizam aquela memória, pelo tempo que o lambe durar. Não se trata de engrandecer o ordinário, mas de colocar na rua marcos que se relacionem mais intimamente com as vidas que a ocupam.

É certo que os eventos e pessoas homenageadas pela história oficial, em monumentos exuberantes e duradouros, pouco comovem à maioria dos cidadãos, ainda que tenham influência indireta em nossa vida. Muito mais provável que alguém se reconheça ao saber algo banal, por exemplo, que uma outra pessoa beijava seu primeiro namorado - ou que já “gorfou”, ou que brincava lá na infância - no lugar onde se está. Essas memórias, muito possivelmente, se relacionam com alguma experiência desse expectador, que aconteceu em outro lugar como esse. Esses monumentos “menos monumentais” trazem uma probabilidade maior de identificação dos caminhantes com a paisagem e de encontros entre suas memórias.